É comum que famílias fiquem preocupadas quando percebem que a criança autista parece não sentir frio como os outros. Às vezes, mesmo em dias gelados, ela insiste em sair de camiseta ou recusa colocar um casaco. Mas isso não significa que ela esteja “desafiando” você ou querendo “chamar atenção”. Na verdade, o corpo dela processa as sensações de forma diferente.

Vamos entender isso juntos?

1. Cada corpo sente de um jeito

O nosso corpo tem vários “sensores” espalhados pela pele e por dentro. Eles avisam quando estamos com fome, com sede, com dor ou com frio.

• No autismo, esses sensores às vezes funcionam de maneira diferente.
  
  
• Algumas crianças sentem o frio, mas não se incomodam com ele.
  
  
• Outras não percebem o frio do mesmo jeito que a maioria — é como se o corpo não desse o “aviso”.
  
  

2. “Não quero esse casaco!”

Muitas vezes, a criança até percebe o frio, mas o tecido do casaco incomoda mais do que a temperatura!

• Ela pode sentir a costura arranhando, a etiqueta picando, o volume apertando os braços.
  
  
• Ou pode ter dificuldade em coordenar o movimento ao vestir algo pesado.
  
  

Nesse caso, o problema não é o frio, é a roupa.

3. O que acontece dentro do corpo

Algumas crianças autistas têm uma percepção chamada interocepção diferente.

• Isso quer dizer que elas não percebem tão bem o que está acontecendo dentro do corpo.
  
  
• Pode ser difícil perceber que estão com frio, com sede ou precisando ir ao banheiro.
  
  
• Então, mesmo que o corpo esteja reagindo (tremendo, por exemplo), a criança não entende o que aquilo quer dizer.
  
  

4. Como a família pode ajudar

Aqui vão algumas dicas práticas:

✅ Observe sinais sutis: às vezes a criança está com os lábios roxos, mãos geladas ou mais agitada — mesmo sem reclamar do frio.

✅ Ofereça roupas confortáveis: casacos de tecidos mais leves, sem etiquetas, com zíper em vez de botões podem ajudar.

✅ Crie uma rotina visual: por exemplo, um quadro com as roupas do dia conforme o clima (“hoje está frio = casaco azul”).

✅ Não brigue, ensine com amor: a criança não faz isso por “manha”, mas porque o corpo dela é diferente. Paciência e afeto são essenciais.

Cada criança é única

Nem toda criança autista vai reagir igual ao frio. Algumas serão muito sensíveis, outras, pouco. E isso pode mudar com o tempo.

O mais importante é lembrar: não é preguiça, nem birra. É o jeito como o corpo dela sente o mundo.

📚REFERÊNCIAS

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